No dia 14 de outubro comemorou-se o Dia Nacional de Prevenção à Obesidade. Sabemos que a obesidade tem crescido cada vez mais no mundo todo, e que está relacionada com diversos agravos à saúde, incluindo alterações metabólicas importantes.
Nesse contexto, você já ouviu falar em Síndrome Metabólica (SM)? Sabe dizer qual é a relação dessa síndrome com a obesidade?
Vem com a gente entender mais sobre esse assunto!
Qual é a definição de obesidade?
A Organização Mundial de Saúde considera o Índice de Massa Corpórea (IMC) igual ou superior a 30 kg/m2 como principal critério para identificar indivíduos com obesidade em uma determinada população.
No entanto, é importante lembrar que os indivíduos possuem diferenças em sua composição corporal, que não pode ser detectada avaliando-se apenas o IMC. Seria mais correto afirmar então que a obesidade se define como um excesso de gordura corporal total.
E a Síndrome Metabólica, o que é?
A SM é uma condição determinada pela presença concomitante de desregulações metabólicas, incluindo resistência à insulina, dislipidemia aterogênica, obesidade central (caracterizada pelo acúmulo de gordura na região abdominal, principalmente tecido adiposo visceral) e hipertensão.
Se não tratada, a SM eleva o risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e diabetes.
Vários órgãos internacionais estabeleceram critérios diagnósticos para a SM, com algumas variações. Basicamente, são avaliados os seguintes parâmetros: circunferência da cintura ou abdominal, níveis de glicose em jejum, triglicerídeos, HDL – lipoproteína de alta densidade, também conhecida como colesterol “bom”, colesterol total e pressão arterial.
No Brasil, a Sociedade Brasileira de Cardiologia adota os critérios estabelecidos pelo National Cholesterol Education Program’s Adult Treatment Panel III (NCEP-ATP III), segundo os quais a SM é detectada quando se tem pelo menos três dos cinco componentes abaixo:
Obesidade abdominal (circunferência da abdominal > 102 cm em homens e > 88 cm em mulheres);
Triglicerídeos > 150 mg/dL
HDL baixo (< 40 mg/dL em homens e <50 mg/dL em mulheres);
Pressão arterial ≥ 130 mmHg ou ≥ 85 mmHg
Glicemia de jejum ≥ 110 mg/dL
Todos os indivíduos com obesidade também apresentam síndrome metabólica?
Não necessariamente. É claro que as chances de um indivíduo com obesidade apresentar também a síndrome metabólica são maiores, considerando todas as alterações fisiopatológicas que o excesso de gordura corporal pode acarretar.
Dentre elas podemos citar:
- sobrecarga do sistema cardiovascular com consequente aumento da pressão arterial;
- acúmulo de tecido adiposo visceral no tronco, resultando em inflamação crônica de baixo grau que contribui tanto para a para elevação dos níveis circulantes de glicose e lipoproteínas plasmáticas como triglicerídeos e LDL – lipoproteína de baixa densidade, o temido colesterol “ruim” – quanto para um quadro de resistência à insulina; entre outras.
Porém, é possível que um indivíduo seja diagnosticado com síndrome metabólica sem ter obesidade.
A principal questão está na distribuição desse excesso de gordura corporal – se existe maior proporção de gordura subcutânea em relação à gordura depositada no tronco, principalmente entre os órgãos viscerais.
A presença de obesidade central é uma característica marcante da SM e pode ocorrer também em indivíduos com IMC dentro da faixa de normalidade (18,5 a 24,9 kg/m2) ou ainda na faixa anterior à classificação de obesidade, denominada sobrepeso ou pré-obesidade (25,0 a 29,9 kg/m2).
O que fazer para prevenir a síndrome metabólica?
Bem, como vimos, a SM se relaciona com a obesidade, considerando que compartilham muitos mecanismos fisiopatológicos; porém uma pode existir independente da outra.
Em muitos casos, a SM precede a obesidade, se tornando ainda mais importante sua prevenção e detecção precoce para o manejo adequado.
Considerando que dentre as causas dessa condição metabólica estão o sedentarismo e alimentação inadequada, a base da prevenção da SM está fundamentada em modificações no estilo de vida, com elevação do nível de atividade física e melhora dos hábitos alimentares.
Aqui estão algumas estratégias que podem ser aplicadas tanto para a prevenção quanto para o manejo da síndrome metabólica, de acordo com a literatura científica:
Dieta do Mediterrâneo
Padrão alimentar rico em propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, que inclui alimentos como azeite de oliva extravirgem, cereais integrais, frutas, vegetais folhosos, nozes, consumo baixo a moderado de peixes e aves, baixo consumo de carne vermelha.
Dieta DASH (Dietary Approaches do Stop Hypertension)
Baixo consumo de gordura – principalmente saturada, teor reduzido de sódio, maiores concentrações de fibras alimentares (>30g/dia), potássio, magnésio e cálcio, priorizando o consumo de vegetais, legumes, nozes, leite e derivados com baixo teor de gordura e restringindo o consumo de carnes vermelhas e processadas e bebidas açucaradas.
Dietas à base de plantas
Caracterizadas pela redução ou restrição de alimentos derivados de animais e estímulo ao consumo de alimentos de origem vegetal – frutas, vegetais, legumes, grãos.
Além disso, a prática regular de exercícios aeróbicos ou resistidos, principalmente com maior frequência cardiorrespiratória.
Embora haja uma complexa interrelação entre ambas as condições – SM e obesidade – destacamos a relevância de adotar medidas simples no cotidiano para auxiliar em sua prevenção e controle, visando principalmente reduzir o tempo sedentário e consumir alimentos mais naturais – descascando mais e desembalando menos.
Uma dica de leitura para aprender a aplicar essas estratégias no dia a dia: Guia Alimentar para a População Brasileira.
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